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Contraste ambiental na fronteira do Haiti e República Dominicana reflete as diferenças econômicas

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Contraste ambiental na fronteira do Haiti e República Dominicana reflete as diferenças econômicas

O contraste entre a fronteira da República Dominicana e o Haiti, exemplifica a diferença entre os dois Países. Originalmente, as duas partes  formavam uma ampla floresta na ilha, porém atualmente a Republica Dominicana possui apenas 28% de sua cobertura florestal e o Haiti se supera com apenas 1%.

A diferença de cobertura vegetal entre os dois Países reflete as diferenças entre as duas economias em todos os aspectos. As dificuldades do Haiti são maiores, sendo um dos Países mais pobres e povoados do novo mundo. O governo corrupto oferece mínimos serviços públicos, a economia de mercado é modesta e apresenta sérios problemas relacionados ao crescimento em casos de AIDS, tuberculose e malária.

A República Dominicana também é um País em desenvolvimento que compartilha dos mesmos problemas, mas em “menor grau”. A economia inclui indústrias que geram divisas, com zonas de livre comércio industrial e exportam produtos agrícolas.

O contraste entre esses dois Países se reflete em seus sistemas de parques nacionais. No Haiti os quatro parques são constantemente ameaçados por camponeses que desflorestam para produzirem carvão. A República Dominicana compreende 74 parques protegidos por organizações não-governamentais mantidas pelos próprio dominicanos.

O aspecto político desses dois lugares se identificavam em sua instabilidade. Os golpes eram sucessivos entre líderes locais e seus exércitos particulares. Dos 22 presidentes do Haiti de 1843 a 1915, vinte e um foram assassinados ou depostos. Na República Dominicana, entre 1844 e 1930, houve 50 mudanças de presidente e 30 revoluções.

O aumento populacional em uma menor área, além de menor quantidade de precipitação, deixou o Haiti em desvantagem, em relação à Republica Dominicana, ambientalmente falando. Houve ainda o fato do ditador Joaquim Balaguer respeitar a natureza, embora não respeitasse o homem. Após sua eleição, em 1966, foi reconhecida a necessidade de manter as bacias hidrográficas florestadas, de modo a suprir as necessidades de energia no País.Os madeireiros foram banidos e o ato de exploração passou a ser crime contra a segurança do Estado. Excluiu a demanda de carvão priorizando o consumo de gás natural, importado da Venezuela. Pressionou as indústrias a tratar seus rejeitos. Nos cinco anos após o seu assassinato, o desmatamento das florestas de pinheiros tornou-­se intenso, a proibição da atividade madeireira foi relaxada, consequentemente a erosão aumentou. Em 2000 a proteção do meio ambiente passou das forças armadas para o Ministério do Meio Ambiente, este tendo menos autonomia.

Os ambientes marinhos foram excessivamente explorados e as águas dos rios foram prejudicadas por causa do assoreamento, da poluição tóxica, esgoto e do descarte de lixo.

Na década de 70 houve uma intensa aplicação de herbicidas e inseticidas, além da atividade minerária que causou graves impactos.

Os haitianos cruzam a fronteira para o lado dominicano em busca de alimento e madeira. Aceitam trabalhos árduos e mal pagos, sendo utilizados como mão de obra barata. Sofrem preconceitos por causa das doenças, do idioma e da pele escura. Enquanto os dominicanos migram para os Estados Unidos em busca de “melhores” oportunidades, os haitianos fazem o mesmo partindo para o outro lado da fronteira. Podem ainda, seguir rotas alternativas, muitos chegam ao Brasil pelo Peru, instalando-se no Pará, Acre, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Fonte: WebSustentável

Rafael de Souza Tímbola
Rafael de Souza Tímbola
Engenheiro Ambiental, Mestre e Doutor em Engenharia com período de aperfeiçoamento na UIC em Chicago-IL/US. É perito, consultor e professor de Engenharia Ambiental. Atua a 10 anos na área ambiental e possui experiência acadêmica internacional em Engenharia Geotécnica e Geoambiental.

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