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Usina de cana-de-açúcar restaura mata nativa e consegue renda com a preservação

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Usina de cana-de-açúcar restaura mata nativa e consegue renda com a preservação

Após o plantio de árvores, nascentes de rios se desenvolveram mais e a empresa não sentiu impactos da seca. Reflorestamento melhorou a qualidade de vida dos trabalhadores e permitiu participação no programa Renovabio; veja como funciona.


Uma usina de cana-de-açúcar replantou mais de 360 hectares de Mata Atlântica. Com a iniciativa, animais nativos apareceram no local e nascentes de rios ficaram com ainda mais água, facilitando, inclusive, o cultivo.

A usina São Luiz fica no município de Ourinhos, em São Paulo, e foi fundada em 1951. Ao todo, são 30 mil hectares de cana plantados e, há cerca de 20 anos, a empresa refloresta a vegetação nativa. A ideia foi de Fernando Luiz Quagliato, que era um dos 4 herdeiros da usina.

Com as novas árvores no espaço, uma das vantagens percebidas foi a melhora na qualidade de vida dos trabalhadores. José Carlos trabalha na fazenda há 40 anos e comenta que, no início da restauração, não pensou que chegaria o dia em que passaria seu horário de descanso sentado ao pé de uma árvore.

Pesando na balança

A iniciativa ecológica não sai barata. Manoel de Andrade, gerente de meio ambiente da usina, comenta que, ao todo, o plantio de 550 mil árvores, somado ao custo de manutenção delas por três anos, saiu por cerca de R$ 11 milhões.

Ele explica que cada árvore, além do valor da semeadura, exige entre R$ 20 a R$ 30 neste período.

O investimento permitiu aumentar a reserva legal e recuperar áreas de preservação permanente. Também gerou mais matéria orgânica no solo, o que torna o ambiente mais propício para que a semente caia e germine.

Além disso, as nascentes da região se desenvolveram e isso é bom para a natureza e para a produção, já que essa água pode ser usada no cultivo. Para processar uma tonelada de cana vão 690 litros de água. Na época da safra, entre abril e dezembro, são moídas 16 mil toneladas por dia.

Com a preservação, os reservatórios da usina quase não sentiram a seca enfrentada na área. Essa recuperação da mata e dos rios também impediram a erosão e assoreamento dos rios e ainda formou um corredor ecológico nos trechos mais compridos de vegetação.

Juntamente, vieram os animais, como passarinhos e até outros maiores, como a onça-parda e o tamanduá-bandeira. A estimativa é de que o aumento de espécies no local foi de até 60%.

Obtendo renda com a natureza

Apesar de ter o açúcar e o álcool como produtos principais, a empresa também gera ração animal com a levedura da produção do combustível e usa alguns resíduos, como a vinhaça, para adubar o campo.

Além disso, o bagaço da cana queimado nas caldeiras gera energia elétrica que supre a usina e também é comercializada.

Há mais uma renda: uma lei de 2017 criou o Crédito de Descarbonização (Cbio). A partir disso, a cada tonelada de gás carbônico que a usina deixa de emitir nos seus processos, ela recebe um Cbio, que funciona como uma moeda, que pode até ser negociada na Bolsa de Valores.

Esse benefício se chama Renovabio e funciona da seguinte maneira:

Os distribuidores que vendem combustíveis fósseis, como a gasolina, precisam compensar a emissão de gases de efeito estufa. Para isso, eles compram créditos de descarbonização de usinas produtoras de biocombustíveis, como o etanol.

Contudo, para ingressar neste programa, as empresas precisam seguir algumas regras. É necessário, por exemplo, preservar a vegetação.

Fonte: Globo Rural.

Rafael de Souza Tímbola
Rafael de Souza Tímbola
Engenheiro Ambiental, Mestre e Doutor em Engenharia com período de aperfeiçoamento na UIC em Chicago-IL/US. É perito, consultor e professor de Engenharia Ambiental. Atua a 10 anos na área ambiental e possui experiência acadêmica internacional em Engenharia Geotécnica e Geoambiental.

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